Setembro Dourado

O câncer infantojuvenil atingirá, aproximadamente, 12 mil crianças e adolescentes no Brasil em 2017, e ao contrário dos cânceres que atingem adultos, estes não apresentam como uma das causas os maus hábitos ou fatores ambientais, mas sim problemas na formação das células. Nas crianças e nos adolescentes, a doença frequentemente afeta as células do sistema sanguíneo, o sistema nervoso e os tecidos de sustentação (ossos e músculos).
Desta forma, a melhor maneira para reduzir os riscos de câncer infanto-juvenil é o diagnóstico precoce. Preste atenção aos sinais e não hesite em procurar um médico caso seu filho apresente algum sintoma distinto.


1) Quais os tipos de tumores infantojuvenis mais frequentes?

Na infância, as neoplasias mais frequentes são as leucemias (neoplasia dos glóbulos brancos), em segundo lugar encontram-se os linfomas (doença nos linfonodos, conhecido coloquialmente como ínguas) e em terceiro os tumores do sistema nervoso central (encéfalo e medula espinhal).

Outras neoplasias menos frequentes são o neuroblastoma (sistema nervoso periférico - nervos), tumor de Wilms (rins), retinoblastoma (retina do olho), osteossarcoma (ossos), sarcomas (músculos e articulações) e células germinativas (gônadas – ovários e testículos).

 

2) Você sabia que a leucemia linfóide aguda é a leucemia mais frequente na infância?

As leucemias podem ser divididas de acordo com tipo de célula (mielóide e linfóide) e também em aguda e crônica.

E dentre os tipos de leucemias, aproximadamente 75% daquelas que ocorrem na infância é a leucemia linfoide aguda, que é originada por problemas em um determinado tipo de glóbulo branco chamado de linfócito (que pode ser B ou T), que tem a função de defender o nosso corpo de infecções.

Aí você pode estar se perguntando, o que ocorre de errado nestes linfócitos? Para explicar isso, precisamos pensar na medula óssea, que é um tecido amolecido que se encontra dentro dos ossos, e sua função é produzir as células do sangue: glóbulos vermelhos (hemácias), glóbulos brancos (dentre eles os linfócitos) e plaquetas.

Quando a medula óssea começa a produzir os linfócitos, origina primeiro células imaturas, ainda não desenvolvidas, chamadas de blastos, que mais tarde irão se tornar os linfócitos. Se estes blastos não se tornarem linfócitos é porque houve um erro no seu desenvolvimento, ou seja, eles ficaram em maior quantidade do que deveriam, e passam a se acumular na medula óssea, “ocupando” o espaço de células normais e prejudicando o sistema de defesa do organismo. Isso inclusive pode perturbar as outras células produzidas na medula, como as vermelhas e as plaquetas, podendo provocar anemia e sangramentos no paciente.

 

3) Quais os fatores de risco para o desenvolvimento de leucemias?

A real causa das leucemias não é totalmente conhecida, mas alguns fatores podem estar associados com o seu desenvolvimento, como por exemplo: predisposição genética, especialmente relacionadas a algumas síndromes como Down e Klinefelter; exposição a radiação ionizante (raios gama e raio-x), determinados vírus (Epstein Barr e HTLV-I) e substâncias químicas (exposição materna a Canabbis, pesticidas e benzeno).

 

4) O que é um Sarcoma de Ewing?

É uma neoplasia que tem origem em células primitivas, que acomete os ossos, sendo mais comum em homens entre os 5 e 20 anos.

 

5) O que um paciente com Sarcoma de Ewing pode sentir?

Inicialmente o paciente pode apresentar dor em algum osso, febre e perda de peso, sinais que indicam inflamação, o que dificulta o diagnóstico pois também são sinais de osteomielite, que é uma inflamação e infecção dos ossos. Quando a doença estiver mais avançada a área acometida pode ser mais dolorida e edemaciar (inchar), o paciente pode apresentar mal-estar e fraqueza, anemia e aumento do número dos glóbulos brancos no exame de sangue.

O importante é sempre ficar atento a sintomas e sinais diferentes que perduram e procurar um médico especialista e capacitado para o correto diagnóstico.

 

6) Como é a fisioterapia para um paciente que teve Sarcoma de Ewing?

É preciso entender que o tratamento cirúrgico do Sarcoma de Ewing pode ocorrer com e sem a amputação do membro (superior - braço e inferior - perna). Graças as recentes técnicas de ressecção e reconstrução, cada vez mais os membros podem ser preservados, garantindo uma melhor qualidade de vida pós-operatória.

Em casos de amputação, a fisioterapia deve ser realizada para a preparação para a colocação da prótese (protetização), sempre que esta for possível.

Quando o membro é preservado e reconstruído com endopróteses, a fisioterapia é indispensável para que o paciente readquira a mobilidade do corpo, a força muscular, a sensibilidade e a segurança de se movimentar de forma independente, reduzindo, obviamente, dores musculares, imobilidade e transtornos psicológicos.

Pode-se dizer que o grande papel da fisioterapia oncológica é readaptar as funções e as atividades que o paciente exercia antes da cirurgia, devolvendo gradativamente a agilidade, a autonomia e a confiança, para uma vida plena e ativa.

Porém, é também indispensável que a fisioterapia oncológica seja realizada com profissional especialista para um melhor sucesso no tratamento.

 

7) O que é um linfoma?

Você já deve ter ouvido falar em “ínguas”, que nada mais são do que os linfonodos, um dos componentes do sistema linfático. E o linfoma é um câncer que acomete os linfonodos (presentes em diversas partes do corpo) e pode se dividir em dois tipos: de Hodgkin e não Hodgkin.

E agora você deve estar se perguntando qual a diferença entre eles, e a resposta é: o tipo de célula, o comportamento do tumor, a localização e o quanto ele responde ao tratamento que é realizado. E cada um deles deve sempre ser avaliado por um médico especialista, neste caso, por um hematologista.

 

8) Como a fisioterapia oncológica pode ajudar um paciente com linfoma?

Um paciente com linfoma será tratado de acordo com a doença que apresenta, mas o tratamento oncológico gera cansaço, fraqueza, dores pelo corpo, perda de força e de movimento. Sendo assim, respeitando as condições físicas e as possibilidades de cada paciente, a fisioterapia oncológica pode auxiliar a reduzir as dores, melhorar as condições pulmonares e a mobilidade geral do corpo, e proporcionar maior resistência do organismo, garantindo que o paciente tenha menos complicações e que ele se sinta melhor durante o tratamento do linfoma.

Leve seu filho ao pediatra para check up com frequência, caso o médico peça exames, não hesite em fazê-los e fique atento as reclamações do seu filho sobre sintomas. Descobrir que uma criança tem câncer é muito ruim, mas as chances de cura são melhores e aumentam muito com o diagnóstico precoce. Fique atento o ano todo.